Chuvas intensas elevam o volume do rio Capivari em 5,28 metros em Monte Mor e causam enchentes com vários pontos de alagamentos pelo município, na última semana do ano.
Na última quarta-feira de 2022, dia 28 de dezembro, chuvas intensas durante a madrugada, tanto na cabeceira do rio Capivari, quanto na própria cidade de Monte Mor, causaram pontos de alagamento em áreas urbanas e rurais do município, com danos também em pontes e passagem de tubulação.
Os bairros mais atingidos foram o Jardim Capuavinha, Jardim Santa Cândida, Jardim Progresso, Vila Farid Calil (conhecida como Água Choquinha), Jardim São José, Jardim Planalto, Chácaras Pindorama, Jardim Moreira, Bom Jesus (Condominio Francisco Pontin), Jardim São Rafael, Jardim Colina I, Jardim Colina II, Jardim Colina III, Centro, Vila Possato e o entorno da Rodoviária na região central.
Segundo informações da Secretaria de Defesa Civil de Monte Mor, no pico mais alto da cheia do rio Capivari, no dia 28,seu nível na cidade atingiu 5,28 metros, e a pedido a Secretaria prestou atendimento a aproximadamente 300 famílias atingidas pela enchente, com o apoio dos Bombeiros Voluntários.
Ainda segundo a Defesa Civil de Monte Mor, por volta de 60 famílias ficaram desalojadas e desabrigadas, além de outros munícipes afetados, moradores de outros bairros por toda a cidade, e tiveram a disposição pela Prefeitura de Monte Mor, três escolas municipais, nos bairros Jardim Capuavinha, Jardim Progresso e Jardim Moreira, para, de forma emergencial, serem utilizadas como abrigo, porém foram usadas apenas para guardar móveis e pertences das casas inundadas, as famílias atingidas decidiram se abrigar na casa de amigos e/ou familiares. Outros abrigos, como a Igreja da Comunidade de São José, no Jardim Progresso, entre outras igrejas ficaram à disposição para os atingidos nos bairros com alagamentos, como também o ginásio Durval Gonçalves.
A principal preocupação do Poder Executivo, logo nas primeiras horas do dia 28, foi mobilizar todos os órgãos municipais para o enfrentamento aos problemas causados pelo grande volume de águas, bem como manteve contato direto, durante o decorrer da situação, com a Defesa Civil do Estado de São Paulo, que prestou apoio no proceder às equipes municipais.
A Prefeitura de Monte Mor, ainda no dia de 28, por meio do Decreto n° 5865, Declarou Situação de Emergência nas áreas do município afetadas por chuvas intensas, conforme a Portaria MDR nº 260/2022, e informou que todas as medidas necessárias para o atendimento das famílias atingidas pelas águas já estavam em andamento, pela equipe da Defesa Civil em conjunto com todas as outras secretarias mobilizadas.
Já na quinta-feira (29), os trabalhos foram iniciados pela equipe de Assistência Social do CRAS de Monte Mor, junto com a secretária de Desenvolvimento Econômico e Social e primeira-dama, Elaine Ravin Brischi, de levantamento das famílias atingidas pela enchente, que ainda está em andamento.
A primeira-dama, Elaine Ravin Brischi, presidente do Fundo Social de Solidariedade de Monte Mor, começou as movimentações de arrecadação de alimentos, água potável e produtos de limpeza, entre outros para as famílias atingidas, logo no primeiro momento, uma vez que o auxílio, seja ele municipal, estadual ou federal precisa passar por um processo sistemático, e segundo ela a população de Monte Mor atingida pela enchente não pode esperar, a ajuda precisa chegar o quanto antes para os montemorenses.
As entregas das doações começaram ainda na sexta-feira (30), pelo Fundo Social de Solidariedade de Monte Mor, presidido pela primeira-dama, nos bairros atingidos pelos alagamentos, Jardim Progresso, Jardim Capuavinha, Jardim Moreira, Jardim Planalto, Chácaras Pindorama, Jardim Santa Cândida e Vila Farid Calil.
AÇÕES DE LIMPEZA
Os trabalhos de limpeza dos pontos que estavam alagados por conta das chuvas intensas, foram iniciados nesta segunda-feira (02), pelas equipes da Secretaria de Meio Ambiente de Monte Mor, em conjunto com a mobilização de outras secretarias, com apoio de caminhão pipa, assim como a retirada dos móveis danificados, das casas atingidas pela enchente, que foram descartados pelas famílias.
DINÂMICA DAS ÁGUAS
As chuvas da Região Metropolitana de Campinas, a RMC, especialmente de Campinas, em parte, escorrem para afluentes e córregos que deságuam no rio Capivari, que permeia Monte Mor. O volume de chuva chega rapidamente a cidade, podendo como na última quarta-feira (28), atingir o transbordo causando enchentes em menos de seis horas. As águas seguem seu percurso e atingem outras cidades no caminho como Capivari.
MACRODRENAGEM
Após a primeira enchente em Monte Mor, no período da atual administração em 14 de janeiro de 2021, as equipes das secretarias de Meio Ambiente e Agricultura; Administração, Trânsito e Mobilidade Urbana; Defesa Civil; e Planejamento e Obras de Monte Mor, se mobilizaram e ainda naquele ano reuniões foram realizadas com a Fundação Agência das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), com o intuito de buscar soluções para as enchentes que poderiam voltar a ocorrer.
A Fundação Agência é o braço técnico e financeiro do Consórcio Intermunicipal da bacia do PCJ, que coopera na formulação das ações e projetos, e consolida os recursos aos municípios para a execução de eventuais obras.
No ano passado, em 2022, a Prefeitura de Monte Mor deu andamento nas tratativas do Plano Diretor, que precisa ser apresentado durante sua elaboração, onde debates, sugestões e opiniões dos munícipes devem ser levadas em consideração para seu desenvolvimento.
Plano este que contém toda a estruturação do plano de macrodrenagem, necessário para a contenção das enchentes no município. O município não tem jurisdição para acessar, intervir ou realizar ações em um rio, como o Capivari, sem que exista um projeto com base em diversos fatores, com uma análise multidisciplinar de caráter técnico, político e social.
Desta forma, o estudo para a elaboração do Plano Diretor de Macrodrenagem da Bacia Hidrográfica do Rio Capivari – PDM-BHC, configura-se como a melhor alternativa para a identificação das causas e para a proposição de soluções relativas aos problemas de macrodrenagem de todos os 15 (quinze) municípios que compõem a Bacia, sendo eles, Campinas, Capivari, Elias Fausto, Hortolândia, Indaiatuba, Itupeva, Jundiaí, Louveira, Mombuca, Monte Mor, Rafard, Rio das Pedras, Tietê, Valinhos e Vinhedo.
O Plano em questão visa, por meio de estudos técnicos caracterizar as causas das inundações ocorridas nas zonas urbanas do município localizados na região e apresentar propostas de ações para o controle de cheias, a curto (5 anos), médio (10 anos) e longo (20 anos) prazo, nos 15 municípios com área na Bacia do Rio Capivari objetivando reduzir progressivamente a frequência, a intensidade e a gravidade das ocorrências de inundações onde já são registradas ou nas áreas potencialmente vulneráveis.
Os estudos estão sendo acompanhados e fiscalizados por técnicos dos municípios e da Agência das Bacias PCJ, com recursos da Cobrança PCJ.
Tais análises são capazes de orientar ações que possam reverter em benefícios à população e ao meio ambiente como um todo. Foram efetuadas duas explanações do Novo Plano Diretor de Monte Mor, em Audiência Pública pelo poder executivo para sua reformulação, no ano passado e a previsão é de que o relatório final seja entregue em agosto deste ano.
DESASSOREAMENTO
Durante o ano de 2022, a pedido e solicitação do Poder Executivo de Monte Mor, foi concedido pelo Governo do Estado de São Paulo, a autorização e disponibilizados meios (ferramentas e maquinários), para que fosse iniciado o desassoreamento do rio Capivari e do Córrego do Aterrado em Monte Mor, como forma de prevenção aos efeitos da enchentes no município, pois a cidade não tem esses recursos próprios ou mesmo a autorização para tais trabalhos.
A ação teve início em agosto de 2022, porém foi suspensa depois de um curto tempo de atividades, por conta das eleições. No período eleitoral as ações prestadas por programas, como era o caso da operação realizada através do programa Rios Vivos do Governo do Estado de São Paulo, não podem continuar. Levando em consideração a troca de governo, o município fica no aguardo de novas posições estaduais, sobre programas de intervenção nos rios, enquanto busca outras de resolução, como com a concretização do Novo Plano Diretor de Monte Mor.
NÍVEIS DO RIO CAPIVARI
Em 2021, no dia 14 de janeiro, o nível do rio atingiu 4,16 metros, sendo que 4 metros é o nível de transbordamento. Na ocasião, choveu em Monte Mor, no dia 12, 108,2 milímetros em pouco mais de 3 horas, e mais 20,3 milímetros em 14 horas, entre os dias 13 e 14.
Em 2022, entre os dias 29 e 30 de janeiro, choveu 109,5 milímetros em 19 horas, elevando o nível do rio em 5,25 metros.
Agora em dezembro de 2022, no dia 28, choveu em 6 horas, 139 milímetros, elevando o nível do rio a 5,28 metros. Depois, quando o nível do rio já estava baixando e estava em 3,22 metros, choveu mais 71,3 milímetros, entre os dias 28 e 29, dentro de um período de 11 horas, e mais 52 milímetros no dia 30, em 2 horas e 20 minutos, fazendo o nível do rio voltar a subir para 4,77.
Em 2020 e 2019, o nível do rio Capivari em nenhum momento ultrapassou o nível de transbordamento de 4 metros. Em 13 de janeiro de 2020, a marca foi exatamente de 3,93 metros, quando houve uma chuva de 78,5 milímetros, e em 10 de fevereiro aconteceu outra chuva de 80,8 milímetros, quando o rio subiu 3,90 metros. Já em 2019, depois de uma sequência de dias chuvosos e bem espaçados, o rio chegou a 3,91 metros, em 5 de janeiro, sendo que no dia 1º de janeiro choveu 69,5 milímetros, no dia 4, 39,5 milímetros, e no dia 5, mais 49 milímetros. Os dados foram retirados da Rede Telemetria Piracicaba - SAISP.BR.